Se ele não fosse tenista, Ethan Quinn seria chef de cozinha. Ou barista. Fora das quadras, cozinhar é sua grande paixão — e se Carlos Alcaraz ou Jannik Sinner quisessem testar suas habilidades culinárias, o americano teria prazer em recebê-los à sua mesa.
“Se eles me ligarem perguntando se possoir cozinhar para eles, talvez eu vá”, disse Quinn, número 71 do mundo, em entrevista à CLAY durante o último US Open, também publicada pela RG Media.
Os dois melhores tenistas do mundo, no entanto, não estariam na sua lista ideal de convidados, que seria liderada por Reilly Opelka: “Eles ficariam com uma baita inveja! Eu nem sei se eles sabem que eu cozinho.”
Aos 21 anos, Quinn adora descobrir cafeterias nas várias cidades que visita por causa do tênis e é apaixonado por explorar novos lugares e culturas: “Não é todo jovem de 21 anos que viaja o mundo a trabalho. Meus pais não conhecem nem metade dos lugares onde já estive em um único ano.”
Entrevista com Ethan Quinn
– Você está entrando no circuito em um momento super intenso — com muito estresse, drama, brigas e rivalidades. Como enxerga esse ambiente como novato?
– Construí uma ótima relação com muitos jogadores, não apenas americanos. Converso com caras do mundo todo — até arrisco um pouco de italiano com os italianos, aprendi um pouco no colégio. Peço para falarem comigo em italiano e paro quando não entendo (risos). Quero fazer amizades, porque passamos longos períodos longe de casa. Esses caras são a minha turma. Competir e ainda sermos amigos — isso é um ganha-ganha para todos nós.
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– Você jogou três Grand Slams seguidos e está no top 80. Como tem sido a transição dos Challengers para o circuito da ATP?
– É uma questão de mudar a mentalidade. Com meu ranking atual, estou entrando nas chaves principais com mais frequência, e às vezes uma boa semana significa ganhar apenas um jogo. O nível é super alto — não importa se você é o 120 ou o 60 do mundo, as diferenças são mínimas. Então aprendi a valorizar cada vitória de primeira rodada. O próximo objetivo é emendar duas ou três vitórias seguidas. Eu tinha vencido oito estreias até o US Open, então venho sendo consistente, mas tenho enfrentado dificuldades nas segundas rodadas, muitas vezes contra os mesmos caras — Brandon Nakashima, (Tallon) Griekspoor… preciso manter o alto nível por mais tempo.
– Do que você mais se orgulha este ano? E quais são seus objetivos para a próxima temporada?
– Roland Garros, de longe. Passei o qualy, venci jogos duros e pela primeira vez joguei duas partidas seguidas de cinco sets. Isso me mostra que meu treinamento está valendo a pena. Agora sei que posso me esforçar ainda mais na academia, levantar mais peso, correr mais rápido, trabalhar melhor. Também tenho orgulho dessas oito vitórias consecutivas em primeiras rodadas. Mostra consistência, que estou entregando um bom nível semana após semana. No ano que vem, quero ganhar mais jogos com mais tranquilidade e avançar além da segunda rodada.
– Você também quer evoluir nas duplas?
– É difícil entrar nos torneios de duplas da ATP dependendo apenas do ranking de simples. Muitos jogadores de simples também querem jogar duplas nesses eventos, só para se manterem ativos durante as duas semanas. Como não jogamos todos os dias, é uma forma de competir em vez de só treinar ou ficar sem fazer nada. Jogar duplas te mantém competitivo e, claro, ganhar um dinheiro extra nunca é ruim. Então é complicado para alguém com o meu ranking entrar nos torneios. Quando estou no qualy, nem sei se vou entrar na chave de simples. Mas toda chance que tenho de jogar nas duplas, aproveito para trabalhar em transições, saques e devoluções.

– Você disse que ama viajar e conhecer novas cidades. Já pensou em usar os torneios como desculpa para explorar novas culturas? Alguma chance de vê-lo escolhendo os torneios da América do Sul em vez dos de quadra dura nos EUA, por exemplo?
– Com certeza. Quero ser bom em todas as superfícies. É isso que define os grandes jogadores — eles vencem em qualquer lugar. Tive bons resultados neste ano em todas as superfícies, e isso me deixa orgulhoso. E sim, adoro explorar. Não são muitos os jovens de 21 anos que viajam o mundo a trabalho. Meus pais não conhecem nem metade dos lugares onde estive em um ano. Em Barcelona, por exemplo, peguei um táxi para o centro e passei horas caminhando, descobrindo cafés e restaurantes.
– Poucos jogadores saem sozinhos — quase sempre estão com seus times. Você prefere ir solo?
– Minha equipe é pequena — basicamente só o meu técnico, Brian Garber. O Brad Stine se junta em torneios maiores ou quando o Tommy Paul e eu estamos no mesmo evento. Mas eles têm suas próprias vidas — se quiserem descansar, treinar ou fazer outra coisa, não me importo. Se posso dar uma escapada e encontrar um bom café por aí, vou sozinho. É algo que eu gosto muito.
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– Se não fosse tenista, o que você seria?
– Talvez chef. Talvez barista. Amo cozinhar, e tenho tentado aperfeiçoar minhas habilidades com café em casa.
– Consegue fazer arte no café?
– Tento o máximo (risos). Ainda não fica bonito, mas estou melhorando.
– De onde vem esse seu lado gastronômico?
– Da minha mãe. Ela cozinhava todas as refeições quando eu era criança. Antes dos jogos de futebol aos sábados de manhã, fazia muffins e chocolate quente do zero. No jantar, tacos em um dia, massa fresca no outro — ela fazia de tudo. É incrível, aprendi muito com ela.
– Se pudesse cozinhar para três tenistas, quem você convidaria para a mesa?
– Boa pergunta! (risos). Com certeza o Reilly Opelka seria um deles. Posso convidar cinco? Então chamaria também Aleks Kovacevic, Tommy Paul, Frances Tiafoe e eu. Time dos sonhos.
– Qual tipo de prato escolheria?
– Alguma coisa que o Reilly falasse que é muito sofisticado para mim — só para provar que ele está errado (risos).
– Alcaraz e Sinner ficariam com inveja de terem sido deixados de fora?
– Eles ficariam morrendo de inveja! Nem sei se sabem que eu cozinho, então talvez, se me ligarem pedindo para eu cozinhar para eles, eu aceite!
– Existe algum outro esporte que você goste de praticar?
– Gosto de golfe, só de dar algumas tacadas, mas procuro não correr riscos de me machucar fazendo alguma besteira. Estar saudável para o tênis é mais importante. Melhor estar na academia do que jogando basquete.
– O que acha do pickleball como esporte profissional?
– Fico feliz que as pessoas estejam ganhando dinheiro fazendo o que amam… pessoalmente, eu não gosto muito de pickleball, então vou deixar por isso mesmo. Já joguei algumas vezes, e no meu clube em Fresno, jogando contra jogadores habituais, ganhei logo na primeira vez. Gosto de provocar, mas tenho certeza de que os profissionais são muito bons no que fazem.
– Em que ano você está na faculdade (US college)?
– Faltam umas dez disciplinas — acho que isso já me torna um sênior.
– Então, quando você se forma?
– No meu ritmo atual? Acho que em 2037 (risos).