O circuito profissional masculino, comandado por Andrea Gaudenzi, está planejando uma reestruturação — e os principais prejudicados serão os torneios menores.
“O objetivo é continuar reduzindo o número de eventos 250”, disse o presidente da ATP na quinta-feira, em Turim, durante o ATP Finals.
A ATP quer ter apenas dez semanas de 250s em 2028. Em 2025, os menores torneios da pirâmide do tênis de elite foram distribuídos ao longo de 17 semanas. Gaudenzi, ao mesmo tempo, quer oito semanas de torneios 500, em comparação com nove neste ano.
“Se você estiver no topo, jogará os quatro Slams, os dez Masters e talvez um 500. Se estiver abaixo, jogará mais 500s e 250s. Mais abaixo ainda, 250s e Challengers. Na minha opinião, se você é Sinner ou Alcaraz, não precisa jogar um 250 por dinheiro. É para isso que servem os Masters 1000”, disse o italiano.
As alterações são justificadas por várias razões, segundo Gaudenzi, a começar pela inclusão do décimo Masters 1000, que será lançado em 2028 na Arábia Saudita, provavelmente em fevereiro.
As intenções da cúpula do tênis masculino confirmam o que Toni Nadal disse à CLAY em julho de 2023: “Os torneios menores geralmente acabam sem o devido apoio por parte da ATP.”
“Entramos em um mundo em que as pessoas não dão mais muito valor aos torneios menores. Acho isso um grande erro”, disse Nadal, diretor do ATP 250 de Mallorca, disputado na grama como preparação para Wimbledon.
O evento, organizado pelo tio e ex- técnico de Rafael Nadal, está em risco — assim como muitos outros torneios ao redor do mundo.
Outra preocupação é o aumento do período de descanso entre as temporadas, algo que os jogadores têm exigido insistentemente.
“Um tenista precisa de duas semanas de folga e, depois, mais duas semanas para recuperar o condicionamento físico. Depois disso, ele precisa de mais um tempo para voltar a pegar na raquete. Definitivamente, é preciso mais tempo do que temos agora”, afirmou o italiano na coletiva de imprensa.
O que os tenistas não gostam é da longa duração de quase todos os eventos Masters 1000 — o “produto premium” da ATP, que Gaudenzi quer fortalecer.
4) “A lot of times money rules”: Martín Jaite on the strength of the Saudis.@sebastianfest.https://t.co/GjCiQwYeTj
— Clay (@_claymagazine) October 15, 2025
Muitas foram as vozes que se manifestaram contra a semana extra adicionada a Madrid, Roma, Canadá, Cincinnati e Shanghai.
O último que se opôs aos Masters 1000 de duas semanas foi o australiano Alex de Miñaur: “Você passa um mês para jogar dois torneios… Você passa o mês inteiro longe de casa, treinando, ficando em um hotel, morando em uma mala, sem aproveitar realmente seu tempo livre — e você só joga seis partidas, certo? Acho que se você perguntar a qualquer um dos jogadores, todos preferem eventos de uma semana. Isso permite que a gente possa desligar.”
“O que muitas pessoas não entendem é que, sim, você tem um dia de folga, mas não é um dia inteiro de folga. Você está treinando, indo para a quadra, para o aquecimento, para a academia”, disse o número 7 do mundo.

A principal motivação para insistir em um sistema que os jogadores não gostam muito é, nas palavras do próprio Gaudenzi, o dinheiro: “Em um torneio de 15 dias, é possível vender muitos ingressos. O tênis é um esporte em que a venda de ingressos tem um peso enorme. Ela pode representar 50% ou 60% da receita de um torneio. Em outros esportes, a maior parte da receita vem dos patrocinadores.”
A Copa Davis também pode passar por mudanças para aliviar o calendário. O italiano acredita que a competição, cuja final de 2025 será disputada em Bolonha, deveria ser realizada de dois em dois anos.
“Nenhuma Copa do Mundo em qualquer outro esporte é disputada anualmente. Se a Copa Davis mudasse para um formato bienal, seria melhor para o produto e também aliviaria a pressão sobre o calendário.”
Para transformar essa ideia em realidade, no entanto, ele vai precisar negociar com a ITF.





