MELBOURNE – Na noite em que o mundo do tênis o consagrou como a mais nova estrela do esporte, João Fonseca ficou sem palavras.
“Se eu fosse ao Brasil e quisesse comprar o seu talento, quanto ele custaria?”, perguntou a alemã Andrea Petkovic, ex-tenista e atualmente uma animada repórter do Canal 9 da Austrália.
“É um pouco injusto”, disse Fonseca, sorrindo, após um breve silêncio.
“Como Roger (Federer) diz, só o talento não basta, é preciso trabalhar duro, então eu me esforcei muito, eu e meu time sabemos o quanto.”
“Aquí é Brasil, vamoooo”, gritou no final da entrevista o brasileiro de 18 anos, que na noite de 14 de janeiro de 2025 viveu algo muito parecido com o que já aconteceu com grandes tenistas.
A aparição explosiva de Federer em um grande palco foi em Wimbledon 2001, a de Rafael Nadal em Miami 2004, a de Carlos Alcaraz no US Open 2022. E a de Fonseca, como o talentoso Andrey Rublev sabe muito bem, no Aberto da Austrália de 2025.
“Quero ser como Sinner e Alcaraz, quero ganhar Grand Slams”, disse Fonseca em uma entrevista recente à CLAY.
Joao Fonseca e Carlos Alcaraz após um dia de treino.
A vitória por 7-6 (7-1), 6-3, 7-6 (7-5) sobre o russo Andrey Rublev, um dos dez melhores do mundo, em uma noite eletrizante de verão na Margaret Court Arena, provou que as ambições de Fonseca estavam corretas. Do outro lado da quadra, Rublev, que acabara de expor seus piores demônios, foi derrotado sem piedade.
Quando uma nova estrela surge, existe sempre algo novo, algo que surpreende. No caso de Fonseca, é o seu forehand seco e feroz que faz estrago, mas também a sua determinação e ambição para ganhar cada ponto. Após aqueles anos de Gustavo “Guga” Kuerten, tricampeão de Roland Garros há um quarto de século, o tênis brasileiro e sul-americano tem uma nova e poderosa figura.
“Vou chamá-lo de ‘Joseca’”, disse o sempre divertido Brad Gilbert nas redes sociais.
Essas mesmas redes sociais ficaram agitadas durante e após a partida, com comentários de todos os tipos e fatos chamativos: a 181 quilômetros por hora, Fonseca é o autor do forehand mais potente do torneio até agora. Tudo isso em sua primeira partida em um torneio Grand Slam, sua primeira partida contra um jogador do top 10 e sua primeira partida em um grande estádio.
Tal foi o impacto do brasileiro que, minutos após sua vitória, as casas de apostas o colocaram como o oitavo colocado na lista dos favoritos para vencer o US Open em setembro. E vale lembrar: Fonseca, que recentemente conquistou o NextGen, tem 18 anos e chegou à Austrália como o 112º colocado no ranking mundial.
Esses números pouco importam, o brasileiro está pronto para grandes conquistas, conquistas muito grandes. Isso foi resumido na manhã de quarta-feira pela ex-tenista eslovaca Daniela Hantuchova em uma aparição na televisão australiana: “Oh, meu Deus, temos uma nova estrela!”
Ou, como disse o espanhol Carlos Alcaraz horas depois: “Vamos colocar o nome de João Fonseca na lista dos melhores jogadores do mundo muito em breve”.
