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“Nunca conto pras meninas que sou tenista; senão, vão ficar comigo só por causa disso” – entrevista com Henrique Rocha

El portugués Henrique Rocha
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Sair à noite com os amigos aos 21 anos e paquerar, mas sem jamais mencionar que seu trabalho é ser tenista profissional.

“Se não sabem de antemão que sou tenista, eu nunca conto. Senão, vão gostar de mim só por causa disso, e não é exatamente o que eu quero”, confessou Henrique Rocha em entrevista à CLAY, também publicada pela RG Media.

A atração das fãs, que ultrapassa os limites do esporte, é uma realidade para os jogadores do circuito. Rocha explica:

“Se eu estivesse fazendo faculdade seria parecido. Mas é diferente, porque eu viajo e acabo conhecendo muito mais gente do que só a da minha cidade.”

Henrique Rocha, jovem tenista português atualmente no 163º lugar do ranking da ATP, se divertiu ao lembrar um episódio que viralizou no TikTok: enquanto disputava o Challenger de Lima, conheceu uma garota peruana que, depois de uma vitória dele, mandou uma mensagem pedindo ingressos para o jogo seguinte. O tenista a convidou e, depois, de forma divertida, a fã compartilhou toda a história nas redes.

“Quem é o Bumble depois dessa?”, publicou a garota, numa alusão ao famoso app de paquera — que, no caso dela, não foi necessário para conhecer Henrique Rocha.

“Estou solteiro”, comentou o português na postagem.

Entrevista com Henrique Rocha

— Qual é o seu principal objetivo como tenista?

— Tenho muita coisa pra melhorar. Quero chegar à minha melhor versão possível. Não tenho um limite ou um objetivo do tipo “quero chegar a tal ranking”. Claro que tenho metas, mas prefiro viver um dia de cada vez. Só quero ser a melhor versão de mim mesmo.

— Conta um pouquinho sobre o seu estilo de jogo.

— Meu golpe favorito e o melhor que tenho é a direita. Acho que é onde posso causar mais estrago. Também tenho um bom preparo físico, estou em boa forma físicas, o que me dá muita energia e faz com que eu consiga me posicionar bem pra bater na bola o mais forte possível. Acho que bato mais forte que a média. Então, essas duas coisas são minhas maiores armas.

— Isso é inspirado em alguém que você admirava quando era criança?

— Meu ídolo é o Roger Federer, mas eu não tento jogar como ele. Acho que temos estilos bem diferentes. É quase impossível tentar jogar como o Roger. Ele é único. Eu jogo mais usando o físico. Sempre tive uma boa direita e bato forte desde pequeno, então preferi seguir por esse caminho. Também estou com um saque bem melhor. Estou bem feliz com meu estilo.

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— Então, em termos de estilo de jogo, quem voce acha que mais parece?

Diria que talvez ao Casper Ruud.

— Quão distante você acha que está, se falarmos de nível, dos melhores da sua geração? Não parece que o Alcaraz e o Sinner jogam outro esporte?

— Claro que o Alcaraz e o Sinner estão em outro nível, num patamar acima. Acho que, a partir de certo ponto do ranking, o nível é bem parecido. Tudo depende da consistência. Os mais consistentes são os que estão no topo. Sinto que o nível entre o 50º e o 100º é muito parecido; o importante é manter a regularidade ao longo do ano e jogar bem em todas as superfícies.

— O que você gosta de fazer fora do tênis?

— Gosto de ir à praia, sair com os amigos, jogar baralho. Às vezes gosto de sair à noite com eles também. É uma das minhas coisas favoritas. Ah, e ver o pôr do sol!

— Portugal é perfeito para ver o pôr do sol… e pra surfar. Você surfa?

— Não. É algo que quero aprender e ainda penso nisso. Não tenho tido muito tempo ultimamente, mas nas férias acabei fazendo umas aulinhas. Em Portugal tem muito surf, é um lugar perfeito pra isso. Adoraria aprender melhor porque acho que é uma forma de escapar mentalmente, de desconectar da vida e dos pensamentos. O mar e a praia… só de estar lá já é incrível.

— Existe uma polêmica sobre os uniformes no tênis: às vezes dois jogadores do mesmo patrocinador se enfrentam vestindo exatamente a mesma roupa. Já aconteceu com você?

— Sim, já. Contra o Alex Michelsen, no ano passado, usamos exatamente o mesmo conjunto. Eu não me incomodo muito. Gosto do que visto. Estou muito feliz de fazer parte da família Adidas. No fim, são só roupas. Não faz muita diferença se jogamos com o mesmo uniforme ou não. Não preciso me sentir “especial” por causa isso.

— Tem um post do TikTok muito engraçado e fofo circulando por aí… sabe de qual estou falando, né?

— Sim (sorri).

— Uma fã dizendo que não precisa de aplicativo de namoro… que consegue te achar nos torneios.

— Sim (risos). Aconteceu em Lima, no Peru.

— Conta a pra gente.

— Eu estava jogando as quartas de final do Challenger de Lima. Tinha umas fãs assistindo ao jogo. Elas tiraram umas fotos, postaram e depois me mandaram. Eu vi e respondi agradecendo o apoio, algo assim. Depois me perguntaram se eu tinha ingressos pra rodada seguinte, porque queriam ir. E eu disse que sim, claro. Estava em Lima, não tinha muita gente pra dar ingresso, então disse: “vou tentar conseguir pra vocês”. E depois ela fez o famoso post: fotos minhas jogando, contando como a gente se conectou nas redes… e acabou viralizando.

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— Ela não te chamou pra tomar um Pisco Sour depois?

— Não. Tive que ir embora no dia seguinte. Não saímos pra beber nada.

— Sendo um tenista jovem, bem-sucedido e bonito… deve receber muitas mensagens das meninas no Instagram. Como você lida com isso?

— Bom, recebo bastante, sim. Acho que se eu estivesse fazendo faculdade seria parecido. É um pouco diferente, lógico, porque viajo e conheço muito mais gente do que se estivesse em casa. Mas, no fim, sou um cara normal que vive a vida ao máximo. Não me preocupo muito com isso. Claro que gosto de sair com meus amigos e, quem sabe, conversar com alguma menina, mas não é o foco. Passar tempo com meus amigos e estar junto deles é o que mais gosto.

— E quando paquera uma garota numa balada, você diz: “Sou tenista”?

— Não! (risos). Se não sabem de antemão, normalmente eu nunca conto. Não gosto de ficar me exibindo. Senão, vão gostar de mim só por causa disso, e não é o que quero.

— As tatuagens estão ficando populares entre os tenistas. Você tem alguma?

— Não, nenhuma. Gosto de ver nos outros, mas acho que não combina comigo. Então não faria. Meus pais também não são fãs de tatuagens, então eles não deixariam (risos). É uma decisão que tomei.

— O tênis português não tem uma grande tradição. Por quê?

— A Federação está fazendo um trabalho melhor agora. Temos o Nuno (Borges), que é o segundo melhor jogador da história. E agora o Jaime (Faria) e eu estamos aparecendo. Somos jovens, talvez cheguemos ao top 100. A Federação tem apoiado muito mais a nós e a muitos outros jogadores. Sinto que o futuro pode ser bem mais promissor do que o agora.

— Você gostaria de ser o melhor tenista português de todos os tempos?

— Sim, claro, mas não é algo em que eu pense todos os dias.

 


 

Se gostou desta entrevista com Henrique Rocha, não deixe de conferir no nosso site todas as conversas com os protagonistas do circuito.

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